A homogeneidade da História contra a heterogeneidade do tempo

Dos cristãos primevos a Fukuyama, passando por Marx, toda filosofia da História – ‘História’, com agá devidamente maiúsculo, não ‘história’ –, toda narrativa dos fins e do fim da humanidade, parece-me sempre um combate virtuoso – mas, inevitavelmente, fadado ao fracasso – da homogeneidade da História contra a heterogeneidade do tempo – do tempo passado, presente e futuro–, um combate da verdade da civilização contra o erro da barbárie, um esforço para subjugar e extinguir todas as alteridades, ou seja, todas as formas de vida outras, que existem mas não podem e, sobretudo, não devem continuar existindo no tempo qualificado como histórico, um combate que, ao final, reduz toda a diversidade das formas de vida ao idêntico, ao uno, mediante a operação de uma retórica que justifica, como razão e inevitabilidade da História, toda a violência imanente aos acontecimentos que, inexoravelmente, devem conduzir ao fim determinado, historicamente, como o único possível, fim unívoco e redentor.

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